Antes de falar da força contra-eletromotriz, vejamos alguns fenômenos do indutor:
· Todo indutor percorrido por corrente elétrica gera um campo magnético proporcional a essa corrente (seja ela contínua ou alternada)
· Todo indutor sob a influência de um campo magnético variável gera corrente elétrica proporcional a esse campo
· Quando uma corrente variável é posta em um indutor, gera campo magnético variável e este gera de volta uma corrente no próprio indutor
· Lei de Faraday: a tensão induzida é diretamente proporcional ao número de espiras e a velocidade de variação do campo magnético
· Lei de Lenz: toda corrente induzida gera um campo magnético que se opõe à variação do campo magnético indutor (ou gerador). Se o campo está aumentando no sentido norte, a corrente gera um campo norte também, se o campo diminui no sentido norte, a corrente gera um campo no sentido sul, provocando sempre a ação de frenagem. Veja a figura:
Como o próprio nome sugere, força contra-eletromotriz é uma energia que age contra. No caso da eletrônica, é gerada pela bobina contra a corrente que a alimenta.
Sem filosofar muito, toda bobina (indutor, reator) trabalha com o princípio da ação e reação, ou seja, quando é colocada uma corrente elétrica nela, esta gera um campo magnético. O campo gera de volta na mesma bobina uma corrente induzida de polaridade inversa. A corrente da fonte encontra a corrente induzida e elas se subtraem.
Como consequência, a corrente da fonte vai demorar algum tempo para atingir seu valor máximo, até que o campo magnético se estabilize, ou seja, deixe de variar e a força contra-eletromotriz deixe de existir.
Quando o circuito já está ligado a algum tempo, o campo magnético está estável, não gerando nenhuma corrente e consequentemente não há força contra-eletromotriz. A corrente da fonte é limitada somente pela resistência ôhmica do fio da bobina.
Nesta etapa, a corrente da fonte deixa de existir e o campo magnético se desfaz. Porém, de acordo com a Lei de Lenz, uma corrente será gerada. A polaridade da tensão será oposta à fonte.
Ainda, como o campo magnético “some” muito rapidamente, a tensão gerada neste momento é muito grande (Lei de Faraday).
É aqui que se mostra a necessidade da utilização de um diodo em ante-paralelo com a bobina de um relé para consumir essa energia e evitar que o dispositivo de manobra, geralmente um transistor bipolar, seja destruído com a alta tensão.
Quando um indutor é alimentado com corrente alternada, a corrente varia seu valor constantemente, o campo magnético gerado acompanha essa variação e a força contra-eletromotriz está presente a todo tempo, agindo contra a corrente da fonte.
Neste caso, além da resistência do fio da bobina, há a resistência dinâmica, conhecida como reatância indutiva (XL), que se somam.
Relé, contator, motor, eletroímã, transformador são exemplos de dispositivos feitos com indutores.
Todos eles geram alta tensão quando desligados. Assim, alguns cuidados devem ser tomados.
Em corrente contínua:
· Na eletrônica é comum a utilização de um diodo em anti-paralelo para proteger os componentes eletrônicos
· No comando elétrico é usada a bobina de sopro para eliminar o arco gerado na abertura dos contatos
Em corrente alternada:
· No comando elétrico e outros dispositivos de manobra, como chaves seccionadoras com carga e disjuntores, deve existir um dispositivo extintor de arco
É relativamente nova esta tecnologia, mas como tudo na eletrônica e informática anda muito rápido, muitos dispositivos vem equipados com conversores DC/DC, que são fontes capazes de fornecer tensão contínua a partir de outro valor contínuo com ou sem o uso de transformadores.
Elas aproveitam a força contra-eletromotriz gerada no desligamento de uma bobina para gerar praticamente qualquer valor de tensão.
Dessa forma, é possível facilmente reduzir ou elevar uma tensão. Há projetos mais audaciosos inclusive que permitem ter por exemplo saída de 12V a partir de uma entrada de 3 a 24V! A fonte eleva ou reduz a tensão de acordo com a necessidade.
Em eterna construção